Botas Salto Agulha

Botas Salto Agulha

domingo

Puro e Profano

(Crica Fonseca)

Ontem conversei com amigos místicos da cidade. Discutimos sobre crenças, valores, arquétipos, nossos medos e manias. Contei a eles que um cigano havia me dito que eu tenho o rosto de menina por ter uma cigana criança comigo. E quando eu trabalho ajudando pessoas, é uma velha cigana sábia quem me acompanha. Entre uma e outra, outras ciganas estão presentes e que eu haveria de descobrir segundo ele. Ele também me aconselhou voltar a dançar para eu me encontrar novamente. Apesar de curiosa, não faço parte de nenhum tipo de grupo relacionado ao mundo cigano. A conversa foi ficando interessante. Num determinado momento chegamos à A Imperatriz, o quanto esta carta se parece comigo e foi ela a inspiração para o nome do meu antigo blog. Um dos meus amigos fez uma analogia entre o jeito da criança, o comportamento da velha e a carta número 3 do tarô (A Imperatriz).

Este amigo defendeu que na criança e na velha sábia não havia sexualidade implícita e nem explícita. Na carta de tarô encontrava-se o Poder Feminino sob os Governos e Homens; a Inteligência e o Amor Genuíno, Cultura e Espiritualidade e, principalmente, é símbolo da Razão. “_Onde está a sexualidade?”. Perguntava ele como se inspirado por uma intuição que não queria calar. Fiz-me de ouvinte para perceber se aquilo fazia algum sentido. Falar sobre sexo para os outros é fácil, vivenciar sua própria sexualidade exige conflitos. E acho que apesar de tudo sou muito tranqüila em relação a minha sexualidade. Permito-me aos meus conflitos, devaneios e aventuras. Porém, talvez eu esteja dando pouca importância a eles.

Hoje compreendo sexo sem compromisso, compromisso sem sexo, sexo e amizade, casamento sem sexo, casamento sem amor, amantes e traições sem intenção de trair quem se ama... Mas não me permito viver estas experiências assim desta forma, tenho a esperança de sexo por amor. Mesmo que não seja para sempre, será eterno em minha memória todo aquele que eu amar verdadeiramente e me deitar com ele para dar sentido completo à relação. No fundo as minhas exigências são estas, procuro e vou buscando entre tentativas e erros meu parceiro ideal sem que ele seja exatamente perfeito. O que quero é presença e cumplicidade, até para eu me sentir mais a vontade. É muito bom poder ousar com quem se gosta_ sem querer padronizar este gostar. Duvido que a modernidade tenha criado mulheres tão insensíveis a ponto de elas, assim como eu, abandonarem a graça da conquista e da sedução. Há necessidade de carinho, segurança e consolo em cada uma delas.

Insisto em ver o encontro dos corpos durante o sexo como sagrado, metafísico, algo além da carne. Embora neste momento o profano exista e persista como um caminho para este encontro_ isso já não me assusta mais. Tudo isso parece um monte de conceitos profundos e ao mesmo tempo sem sentido, um quebra-cabeça e ainda não sei qual a figura final _ Então, deixa rolar! Enquanto isso eu vou ensaiando minha assertividade, ou não.




Tento derrubar as barreiras físicas que
me deixariam mais próxima do sagrado num universo palpável.
Busco controlar impulsos e demônios que impedem a minha evolução.
É também nesta hora que aumentam as minhas paixões e os meus desejos,
as ilusões dos sentidos. O que eu sinto de mais puro é o que eu faço de mais profano!
Tudo parece tão antagônico, mas não quero parar agora.
Não é hora de fugir deste adorável desafio.
E persisto no caminho ...



Crica Fonseca

quinta-feira










Delicada e efêmera é beleza das flores.

Eterna e transcendente é a música...

E o Amor é o possível ao coração

E impossível àqueles que não o compreendem!




Crica Fonseca

segunda-feira

Por que vocês homens são assim?















O VenTo

[...]

Musashi: _ Joutaro! Não fique nervoso e me escute até o fim, com calma. Tem que saber que em muito breve, estarei em situação de vida ou morte.

Joutaro: _Mas você vive dizendo que um samurai tem de acordar a cada manhã preparado para morrer antes do final deste dia! Isso não deve ser nenhuma novidade para você!

Musashi: _ É verdade! São palavras que digo a todo instante, mas como soam como uma nova lição quando você as diz. Esta vez, porém, é diferente de todas as outras... Tenho de estar preparado para enfrentar o duelo... É por isso que não devo me encontrar com Otsu-san

Joutaro: _ Mas por quê? Por que, mestre?

Musashi: _ Mesmo que eu lhe dissesse o porquê você não entenderia. Um dia quando você crescer compreenderá. (...) Não diga isso a Otsu-san, ouviu bem? Se ela está doente, diga-lhe que Musashi pediu para sarar logo, escolher um rumo na vida e ser feliz... Entendeu, Joutaro? Diga-lhe que foi o que eu disse antes de partir, mas não conte o resto.(...).

Joutaro: _ Mas, mestre... _choramingou_ Assim é demais! Tenha pena de Otsu-san! Tenho certeza de que se eu contar o que aconteceu hoje, ela vai piorar! Tenho certeza!

Musashi: _ Então dia a ela que não adianta nos encontrarmos agora, quando eu ainda estou aprendendo a ser um guerreiro, isso apenas nos tornará infelizes. Quando vencemos as adversidades ou buscamos suporta-las com estoicismo, quando nos lançamos voluntariamente num vale cheio de dificuldades, só então o aprendizado se torna significativo. E agora, Joutaro, não se esqueça que terá também de percorrer esse caminho para se tornar um guerreiro completo. (...) Um guerreiro nunca sabe quando vai morrer, isso é parte do seu cotidiano. Depois que eu me for deste mundo, procure um bom mestre, entendeu Joutaro? Quanto a Otsu-san... Futuramente, quando ela tiver encontrado a felicidade, há de compreender porque não a procuro agora... Ela deve estar se sentindo muito solitária sem você. Entre, volte para perto dela e trate de dormir também, Joutaro.

Embora fosse às vezes obstinado, Joutaro pareceu compreender pelo menos parte dos dilemas de Musashi. Provava-o a sua atitude: de costas, ressentido soluçava em silêncio. O ressentimento e o soluço vinham da incapacidade de resolver o problema. O pequeno coração, do meninos de aproximadamente doze anos, se confrangia de pena de Otsu e de saber que era inútil insistir com Musashi.

Joutaro: _ Neste caso _ disse o menino, voltando o rosto em lágrimas com uma ponta de conformismo, quando você terminar seu aprendizado... Nesse dia você virá encontrar-se com a Otsu-san, mestre? Quando enfim chegar o dia em que você considerar concluído o seu aprendizado?

Musashi: _ É o que mais desejarei quando este dia chegar._ E quando será este dia?_ Como posso saber?_ Daqui a dois anos?_ ... _ Três anos?_ Ando por um caminho sem fim._ Isso quer dizer que pretende nunca mais se encontrar com Otsu-san?_ Se eu realmente tenho talento, pode ser que um dia obtenha sucesso. Mas posso não o ter, e neste caso talvez chegue ao fim da vida como um simplório inútil. (...) Como pode um homem nesta situação prometer alguma coisa a uma jovem na flor da idade, que tem o futuro inteiro pela frente?

Joutaro pareceu não compreender direito as explicações quase involuntárias de Musashi, e voltou-se com ar vivo;

Joutaro: _ Mas mestre, você não precisa prometer nada a ela, basta apenas que a veja!

Quanto mais Musashi se explicava, mais se sentia incoerente e confuso, e sofria com isso.

Musashi: _ Não é tão fácil assim, Joutaro. Otsu-san é uma mulher e eu sou um homem. Sinto-me constrangido em ter de confessá-lo, mas se me encontrar com ela, sei que serei vencido por suas lágrimas, que elas quebrarão minha firme decisão.(...)

Agora, porém, à medida que a antiga selvageria começava a ser educada, o jovem Musashi começava a perceber certa dose de fraqueza em sim mesmo.Compreender o valor da vida já fora suficiente para ensinar-lhe o medo. (...) Com relação as mulheres, especificamente, Musashi havia percebido através de Yoshino como elas poderiam ser atraentes e, ao mesmo tempo, quantas paixões diferentes despertavam dentro dele. Neste momento Musashi não temia esses objetos tentadores propriamente ditos, mas o próprio coração. E se o objeto tentador era Otsu, ele já não tinha certeza de mais nada. Por outro lado, era impossível pensar nela como um simples passatempo, desconsiderando seu futuro.


[...]

(Musashi; Eiji Yoshikawa – Vol.I)

Mesmo gostando de Otsu, Musashi (O Samurai) decide não vê-la e seguir em sua luta...
Por que não viver um grande amor?
Por que alguns homens não se sentem preparados?
Por que outro homem deve faze-la feliz se ela o ama verdadeiramente?
Eu não me conformo em deixar um amor para depois!
Por que os homens são assim?



Crica Fonseca

quinta-feira

Minha Doce Vida

(Crica Fonseca)

*Minha Madrinha e Eu aos três anos de idade
durante minha festa de Aniversário


Hoje saí mais cedo do trabalho. Saí pra ver o dia... O dia estava quente e o sol não se via, mas dentro de mim vi um mundo lindo. Paguei algumas contas. Sinto-me aliviada quando consigo pagar tudo direitinho. Passei no salão de beleza _ como tem mulher feia lá, eles fazem milagres! Eu estava com saudade de algumas pessoas. Liguei do meu celular para elas. Ainda bem que estou numa promoção onde posso ligar para telefones fixos e outros da minha operadora. Liguei dizendo que liguei para dizer “oi”... Todos foram muito receptivos, sempre são. Como posso ser uma pessoa querida e às vezes correr tanto e me esquecer disso? Foi muito bom poder rodar de carro só para olhar a paisagem e ouvir uns e outros. Cheguei em casa e vi que a chuva estava vindo. Há meses não chove por aqui. Fiquei feliz ao sentir o cheiro de terra molhada. As flores devem estar contentes também. A cidade vai ficar mais linda depois da tempestade. Amo tempestades! Deixei a cortina da janela bem aberta, quero ver os raios e trovões. E sentir um friozinho na barriga... Passei para ver o Blog, meu querido “Botas”. Acho ótimo ver o que o pessoal escreve _ Obrigada pelos comentários! É bom ficar deitada na cama lendo vocês, sabia? Vou para cozinha agora para fazer uma massa com legumes ao vinho. Inventei esta receita no mês passado. Sei que não é para o paladar de todos o meu jeito vegetariano de comer. Pra mim é uma delícia! Talvez eu deixe velas perfumadas acesas durante o banho. Não tenho programa para noite ainda, deixa rolar... Ou tenho um filme que não assisti na estante. Mesmo que eu fique em casa vai ser gostoso poder dormir. É sempre bom parar para olhar e sentir as coisas boas da vida. Amo minha vida!
Crica Fonseca

Um Menino e um Homem, Um Violino e Emoções...



“Aquele garoto nunca havia parado para ouvir a música de um violino. Quando ele encontrou um violinista tocando perguntou por que ele fazia uma careta engraçada enquanto tirava um som estranho aos ouvidos deste rapaz que o observava. Ao que estava acostumado com o que se chama música ao conjunto de marulho, gritos e nudez; foi respondido que o músico estava expressando ao externalizar seus gestos aparentemente descontrolados não apenas notas musicais, mas principalmente os sentimentos que lhe habitavam o coração. Quase que como por encanto o jovem apaixonou-se pelo som que podia tocar-lhe a alma e modificar o corpo de quem pudesse estar verdadeiramente conectado a magia produzida por um homem, um violino e suas emoções...”.




Crica Fonseca

terça-feira

I'm on a Diet


Botas Salto Agulha

(Crica Fonseca)

Tenho olhos de águia para te ouvir melhor.
Meu coração bate no cérebro.
Disfarço-me em partes para ser autêntica.
Não sei quanto o dinheiro custa,
Vivo o meu salário.
Não valorizo momentos de prazer em números,
Às vezes faço investimentos que não valem à pena.
Acredito na guerra diária,
Não concordo com a luta armada.
Abomino o poder que oprime as idéias.
Nada mais imponente que botas de salto agulha!
Não distingo onde está a beleza física ou a falta dela.
Tenho medo da mente das pessoas,
Talvez porque a minha seja tenebrosa.
Guardo em segredo aquilo que não foi ainda exaltado.
Fui covarde,
Evitei correr riscos.
Sou frágil.
Se eu quebrar quem vai me colar?
Sou dócil quando domesticada,
O carinho e a atenção quebram minhas resistências.
Meu sistema imunológico combate paixões.
Mantenho-me refém de mim mesma.
E as botas? Ah! Eu amo minhas botas...




Crica Fonseca

segunda-feira


"Quando quiser realmente se desvincular de alguém, isso nunca se conseguirá despresando esta pessoa, ou lhe cobrando mental e emocionalmente os erros e ofensas. Pois isso só reforça os laços..."
(Oscar Quiroga)

sábado

Contando um Sonho: A Queda da Ponte

(Sonhado em Janeiro/2008 - Crica Fonseca)



Eu estava dentro do carro voltando do trabalho, quando percebi um tumulto enorme na entrada da ponte que preciso cruzar todos os dias pra chegar em casa. Ao me aproximar soube que a ponte havia caído. Logo fiquei preocupada com meus familiares_ Sempre fico preocupada com eles quando alguma coisa acontece no trajeto da rotina diária: "Será que meus irmãos e meus pais se machucaram?". Desci do carro porque eu teria que passar a pé por uma pequena ponte improvisada pelos bombeiros para que as pessoas pudessem atravessar o lago. Ainda agoniada a possibilidade dos meus parentes terem se machucado, entrei na fila e senti alguém segurando a minha mão. Olhei pra frente e vi um rapaz muito bonito vestido com uma camiseta vermelha, pensei: “_ Que cara lindo!” Comecei a pisar no estreito pedaço de madeira. Olhei novamente para ele, estava ajudando uma outra moça atrás de mim, ela parecia ter se encantado com ele. Me concentrei para não cair e prossegui pensando: “Ela vai dar em cima dele! Hum... Os dois são bonitos, foram um belo casal.” Poucos passos depois ele segurou a minha mão novamente, assustei. A moça seguia com outro amigo dele e ele veio até mim. A passagem demorou muito, ele me fez companhia e me olhava de um jeito diferente. Chegamos a um morro cheio de lama, ainda faltava subir uma ribanceira até chegar a pista de asfalto. Sentei-me. O lindo moço de camiseta vermelha encontrou um amigo e conversando com este amigo não parava de olhar pra mim. A moça, aquela que eu julgava fazer um belo par com ele, sentou-se ao meu lado e disse: “_Você não está percebendo? Ele gostou de você. Não pode perder esta oportunidade!” Eu surpresa respondi: “_Pensei que você fosse ficar com ele...” Ela disse pra mim: “_ O negócio dele é com você! Não deixe passar uma oportunidade como essa na sua vida.” Chegou a hora da subida. Levantei-me. Olhei para ele, bem no fundo dos olhos dele. Pensei que talvez ele não fosse pra mim e, principalmente, que um homem como ele jamais seria meu... Virei as costas e fui embora.



Acordei com certa angústia e entendi que
talvez eu esteja deixando passar boas
oportunidades em minha vida...

Crica Fonseca

sexta-feira

Mudando...

(Crica Fonseca)
Nada de Pão, doces e refrigerantes,
Caminhadas três vezes por semana no mínimo.
Chega de ficar em casa,
A ordem agora é viver coisas novas!
Estou voltando ao ritmo de visitas e viagens,
Neste final de semana fui a Pirenópolis,
Em sete dias estarei em São Paulo fazendo um curso.
Em julho pretendo estar na Chapada dos Veadeiros,
Festival Trance de Inverno, dançar com a lua e dormir na mata.
Atualizações Necesárias: Máquina Digital,
Secretária Eletrônica, Laptop, Celular,
Internet 3G em qualquer lugar e fones de ouvido.
Comprei um abajour melhor,
mais ainda preciso ir ao oftalmologista.
Nutricionista, Dermatologista, Dentista...
E fazer o “Preventivo”.
Me perdi por aí, e não sei onde coloquei tanta coisa...
Onde será que está meu pen drive com gravador de voz?
Minhas luvas? Meu Casaco de Neve? Meu Guia Quatro Rodas?
Meus livrinhos dos Vigilantes do Peso? E o Medicina de A a Z?
Nossa! Por onde mesmo eu estive durante todos estes dias?
Onde estava “Eu Mesma”?
Ah! Já sei... Ocupada com os outros!
O cansaço e a preguiça de fazer coisas por mim não me dominarão mais
Se eu me deixar levar por tudo isso vou querer pouco,
conhecer pouco, Escrever pouco,
amar pouco, me contentar com o pouco... E viver pouco!
Cansei de passar o final de semana entre relatórios e palavras ao vento,
Dez anos de formada, doze de carteira, oito em clínica multidisciplinar,
Sete em consultório particular, mas preciso de novos desafios.
Preciso refazer meu currículo, meus contatos, minhas contas,
Meu Imposto de Renda, meus apegos e afetos, minha vida...
Vou molhar a grama, lavar o carro, tomar sol e cuidar das flores.
Vou olhar pra fora, aceitar convites, tomar um porre e cuidar das dores.



Estou adorando minhas mudanças...
Me fiz estes planos no final do primeiro
semestre de 2008. Está tudo dando certo.
Estou mais *realizada e *realizando mais!
*Vide o texto: OBRIGADA PELO SEU SORRISO
Crica Fonseca

Por que muitas pessoas insistem em se relacionar com parceiros egoístas?

Porque eles são sexualmente mais atraentes, porque não amam de verdade e apenas se deixam amar_ e para quem tem medo do amor pleno isso é muito interessante. O generoso ama e o egoísta se deixa amar. Porque e capaz de cuidar de muito bem de si e isso desperta admiração e inveja. O generoso é pouco competente para receber qualquer tipo de atenção ou presente material, tem dificuldade até mesmo para dar de si mesmo. O generoso é vaidoso e dominador. Age com tolerância e bondade, mas sua conduta é baseada no temor de perder afetos e medo de situações agressivas. Não é bom de briga. Usa sua tolerância para se sobrepor e para ter o egoísta em suas mãos.

Entrevista de Erica Andrade com
o Psicoterapeuta Flávio Gikovate
(Correio Braziliense, 20 de julho de 2008.)

Foi, passou...

(Crica Fonseca)

Eu ontem falei das pérolas...
Falei do que passou. Falei da dor.
Falei do ensinamento. Falei do aprendizado.
Falei da saudade. Falei do que foi bom.
Falei do ainda poderia ser melhor.
Falei do meu sentimento. Falei do verdadeiro.
Falei do medo. Falei dos cacos.
Falei da vontade que quis estar ao lado.
Falei do abraço. Falei do corpo. Falei da entrega...
Ouvi o que poderia ter sido.
Do não medo, do não magoar, do não compreendido,
Do não tentar, do suposto nunca escolhido,
Do meu corpo por ele sentido, do desejo ainda reprimido,
Do banho quente, do dom marginal,
Do que de certo modo o que sempre fui...
Ouvi a voz que me preenchia, ela dizia que eu a acalmava.
Nós falamos do que sentimos um pelo outro
E nos encontramos com o vazio.
Com minhas mãos geladas e o coração na boca eu perguntei:
"_Por que a gente não deu certo?"
E ele me disse:
"_Eu não sei...!"
Quando senti que o fogo poderia ser perigoso eu relutei;
"_ Desculpe, eu não posso!".
Ele me deu razão;
"É melhor, você está certa.".
Ficamos com a lembrança do brilho dos dias,
Bons dias, que não voltam mais.
E o futuro?
Espero sinceramente estar disponível,
Mas não estou certa disso.
E vê-lo preparado para esta luta,
Não acredito que isso esteja por vir.
Alguma coisa ainda trouxe à tona sei lá o que,
Este sentimento engasgado precisou sair de dentro de mim.
Foi assim, passou...





...
Depois de muito tempo reencontrei um desses
que mexeram comigo. Foi ele quem me procurou.
Quis ver o fogo por debaixo da brasa fria o que sobrou da relação.
Falei muita coisa que estava engasgada, usei poucas palavras.
Nem sei se fui ouvida, mas não me importa mais.
O silêncio e a ausência traram de responder
minhas perguntas que ficaram em aberto.
Quem diria que iríamos acabar assim?
Junho, 2008

Crica Fonseca

quinta-feira

Obrigada pelo seu Sorriso

(Crica Fonseca)
Fale-me sobre uma idéia fantástica,
um projeto realizado,
uma estória engraçada.
Tenha uma atitude positiva perante a vida.
Seja eficiente naquilo que tiver que ser feito.
Use sua criatividade.
Previna-se.
Contemple o encontro,
o abraço e a possibilidade de estarmos juntos...
Um dia se morre.
Plante pensamentos para manter-se eternamente vivo.
Ame sem impor condições.
Realize...
Realize-se...
Agradeça e respeite seus desafios, suas dificuldades e limitações.
Reclame menos.
Peça ajuda.
Sua saúde física e mental agradece os cuidados dedicados!








     (eu)
Crica Fonseca

quarta-feira

As Mulheres e Suas Tragédias

(Crica Fonseca)


Acordei hoje pensando nas mulheres e suas estórias de vida, seus objetivos, suas regras e conflitos, seus amores e desamores, suas escolhas e imposições, a fragilidade e a força feminina. Estive de férias e sem a obrigação de escrever uma só linha por mais de três semanas_ nem relatórios, nem laudos e pareceres, nem dissertações e nem coisas atoa que costumo publicar no blog. E parece que isso me deu mais força para querer retornar às palavras. Eu definitivamente admiro as mulheres, elas transformam a dor em ação e enfrentamento. Por vezes, infelizmente, são capazes de uma devastadora autodestruição. A energia gerada durante o sofrimento feminino é tão grande e ainda maior que a simples a capacidade física de um homem para carregar peso ou a habilidade objetiva para estratégias e negócios. Não é fácil sermos “super-poderosas”, e nós somos. Pena que muitas não se dão conta disso!

Lembrei-me da moça jovem que se casou para sair de casa e foi morar na casa da sogra. Depois de alguns meses de humilhação e durante a primeira gravidez, o marido resolveu começar a construir uma casa simples para os dois. Lá estava ela de barrigão numa casa sem telhado e nem se quer laje. Passando frio para não ter que ser mal tratada pela sogra e nem voltar para casa dos pais. O marido, usuário de drogas, finalizou a obra como e quando pôde. Como um rato entre labirintos ela enfrentou seus medos enquanto ele estava em qualquer outro lugar fora ou dentro de si menos ali ao lado dela.

A violência familiar arrasa as expectativas de sucesso nas relações de interpessoais. Me entristeci com a realidade das crianças em lares desequilibrados onde o agressor mora no quarto ao lado. O medo se torna tão íntimo quanto o pai que abusou sexualmente da filha aos doze anos de idade. Foi difícil ouvir as barbaridades de um mostro que pediu perdão e foi perdoado pela filha. A mãe, que nada fez, hoje sofre de psicopatia grave. As feridas da mãe não deram conta de perdoar este homem com quem ela dorme todas as noites até os dias de hoje. A menina aos dezoito anos saiu de casa e a mãe está em vias de uma internação psiquiátrica.

Pensei na meiga jovem do interior que foi para cidade grande enfrentar o mercado de trabalho. Ela é dona de notável inteligência e uma beleza exuberante com seus cabelos loiros, olhos azuis e altura de miss. Aquela que todos gostam e confiam escondia a decepção de um amor não atendo. Inevitável não perceber o olhar dos homens para ela. Sozinha vai vencendo sua própria amargura de se sentir rejeitada por um relacionamento a caminho do fim. Ele, prostrado em frente ao computador dia e noite. Ela, se conformando com a migalha de vê-lo às vezes e sempre com a internet como centro e meio para o diálogo.

Vi o ataque epilético da menina de dezenove anos que trabalha como empregada doméstica para sustentar a casa. Pobre garota pobre, com dois filhos para criar e uma mãe com Auzimer. Teve seu primeiro filho aos treze anos de idade. Com a gravidez de risco acabou adquirindo epilepsia para o resto dos seus dias. Quando ela voltou à consciência perguntava se iria ser demitida depois do episódio de crise. As pessoas costumam demiti-la quando percebem a doença. Para os menos informados e preconceituosos é como se o doente estivesse “endemoniado”. É assustador o seu estado durante o inevitável ataque que lhe acomete a cada dois meses mais ou menos. É assustador ser provedora, mãe, filha, doente e sozinha ainda tão nova. Pobre garota pobre...

O sofrimento não é um benefício apenas para as mulheres jovens, também houve uma senhorinha que dizia que o marido era um homem muito bom para ela. Várias vezes ela repetia as qualidades do homem com quem nunca se casou. Moravam juntos há mais de vinte anos. Ela dizia que ele só não era uma pessoa maravilhosa quando bebia. Sob o efeito do álcool ele se tornava frio, grosseiro, quebrava coisas dentro de casa e ameaçava agredi-la fisicamente. Já não dividiam o mesmo quarto há anos. Perguntei a ela com que freqüência ele estava embriagado e se tornava um homem ruim e ela me respondeu com olhos emocionados que ele bebia todos os dias a noite... Pouco tempo depois ela, quase aos setenta anos, veio me contar que havia se separado. Ele, além de retirar-lhe a segurança de uma companhia durante a velhice, pediu metade de tudo o que era dela como forma de negociação para sair de casa.

A senhora moça que passou a vida como dona de casa dedicada ao marido, aos filhos e netos. Foi uma das mais nobres pessoas que conheci e vangloriáva-se pelo prazer de sentir-se mais linda a cada dia a espera de seu amado. Ninguém reconhecia sua idade e muito menos o motivo que levou o marido a traição. No dia que ela descobriu através da própria amante dele seu mundo ruiu. A depressão foi inevitável e ela acabou com um quadro de anorexia na UTI de um hospital. Não conseguia suportar a dor da humilhação social e a vergonha do erro das próprias escolhas. Embora nenhum homem peça permissão para trair, por que jurar e exigir um amor exclusivo para vida toda?

Talvez relacionamentos abertos onde não haja cobranças em relação à fidelidade e não se divide as contas seja uma saída. Não sei se acredito que alguém consegue ser feliz sem dividir a vida além da cama. Quando se chega em casa cansada, sem ninguém para conversar, sem um peito para recostar-se, sem alguém para fazer nossas vontades... E sem vontade de nada. A quem recorrer nestas horas? É mais deprimente ainda ver mulheres solitárias escondidas atrás de um rótulo de relacionamento seja ele qual for _como amantes, namorados, namoros à distância ou casamentos que não satisfazem a real necessidade de contato e atenção que nós mulheres precisamos e merecemos.

E Jéssica Parker, protagonista do filme Sex in the City que leva o mesmo nome do seriado sobre mulheres de vanguarda em New York City. Abandonada na porta da igreja pelo noivo. Um caso, um “rolo”, que durou dez anos e ousou tornar-se seu legítimo marido ficou com medo de encarar o altar depois de duas experiências fracassadas de casamentos mal sucedidos. Durante o enredo a cerimônia de casamento é vista como um negócio lucrativo, menosprezando assim os sonhos e fantasias comuns as Cinderelas do século XXI que fingem não ligar para toda esta ritualística.Não acho que a culpa esteja nos homens. Eles estão tão perdidos quanto as mulheres em suas contradições.

Quem consegue entender nossas vivências? Por que suportamos tanto? Esta atitude suicida será uma prova de ousadia ou covardia? Quem consegue medir o quanto suporta o coração de uma mulher e pra quê? Haja força para ser como as mulheres! Helenas e Marias. Amélias e Luízas. As que são mães e as que nunca serão. As virgens e as vítimas de estupro. As chefes e as faxineiras. As da política e as mais belas modelos do mundo. As cientistas e as artistas. As gueixas antigas e as prostitutas modernas. As policiais e presidiárias. Bombeiros e incendiárias. As religiosas e as bruxas... As menos ou mais encantadoras criaturas que habitam neste planeta e são movidas pela necessidade de amor.


Crica Fonseca _ Julho, 2008




segunda-feira

Retrato Escrito

Quem é esse alguém eu mesma?
(Crica Fonseca)
Tão contraditória quanto a própria noção do tempo.
Idade que não se reconhece em corpo.
Meio Bruxa. Meio religiosa.
Meio mãe sem nunca ter sido.
Princesa mimada. Rainha em seu trono.
Artista de tantas escolas. Camaleoa de verso e prosa.
Irritantemente perfeitinha. Deslumbrantemente louca...
Educada no mais alto escalão da sociedade.
Largada e hospedada no Bronx/NY.
Criada para se casar. Ama e desama.
Nada é pra sempre. Nem uma tatuagem.
Sem necessidade de trair. Prefere tentar manter a chama da paixão.
Talvez um dia se canse de esperar e juntar os caquinhos para salvar
uma relação (caso esteja tendo), e procure sexo como diversão.
Dita regras e vive a exceção de cada uma delas.
Inteligente. Misteriosa. Encantadora.
Por vezes linda ou medonha. Revolucionária.
Romântica. Ingênua. Idiota!
Mulamba gata solitária de rua...
Permite-se a relacionamentos fora do padrão.
Tentou padronizar alguns...
Não se importou quando viveu amores que não pagaram suas contas.
Ainda tem algum dinheiro que compra momentos inesquecíveis
e paga sessões de psicoterapia.
Fala mansa e punho agressivo.
Entrega-se e recua.
Precisa viver a intensidade de certos momentos e isolar-se.
Divide seus dias entre sonhos e a dura realidade.
Não quer e não deixa que ninguém chore por ela.
Se pegou chorando por uns e outros...
Não aceita ordens. Mas se dobra a um pedido ao pé do ouvido
e vai buscar a lua cheia em dia de um quarto minguante...
Faz campanha contra o câncer. Odeia o dia de fazer o preventivo.
Não toma muito sol. Nem deixa alguns vícios definitivamente.
Ventre sadio e sem filhos.
Trás devolta à vida amando incondicionalmente
em sua profissão aqueles que esqueceram de viver!


Escrevendo sobre
quem me tonei
e o que faço.
Crica
Quando algo parece inevitável,
lembre que no mundo humano tudo pode ser decidido.
Sempre haverá outra opção dispnível
que mude o aparente destino irreversível.
Saiba você que pensar no inevitável é apenas uma
dentre muitas possibilidades.
(Oscar Quiroga - Signo de Gêmios, setembro de 2008)

Vida Renovada. Blog Novo... E quem sabe um novo amor?

Meu antigo Blog já estava me incomodado há alguns meses. Ele não estava mais se parecendo comigo... Estava me sentindo estranha com ele, parecia pesado e cheio de memórias que não carrego mais. Eu queria mostrar minha alegria, mas aquele formato me remetia as minhas desilusões... Então resolvi dar a ele o crédito de "passado vivido"! Acabou, não volta mais. As coisas boas serão guardadas. As que ainda me servem talvez sejam publicadas. O resto deixa pra lá, lá bem longe. Não me arrependo de nenhuma linha escrita. Amo meu antigo Blog, mas a vida continua... Que venha a mim o meu futuro! Com braços abertos, muitas palavras que não querem calar e coração livre começo esta minha nova fase.


Seja bem vindo (a) ao meu mundinho novo!!!
Com carinho,
Crica

domingo

Mutantes


"Somos as únicas criaturas na face da terra capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos! Nossas células estão constantemente bisbilhotando nossos pensamentos e sendo modificados por eles. Um surto de depressão pode arrasar seu sistema imunológico; apaixonar-se, ao contrário, pode fortificá-lo tremendamente.


A alegria e a realização nos mantém saudáveis e prolongam a vida.A recordação de uma situação estressante, que não passa de um fio de pensamento, libera o mesmo fluxo de hormônios destrutivos que o estresse.



Suas células estão constantemente processando as experiências e metabolizando-as de acordo com seus pontos de vista pessoais.
Não se pode simplesmente captar dados brutos e carimbá-los com um julgamento.

Você se transforma na interpretação quando a internaliza.Quem está deprimido por causa da perda de um emprego projeta tristeza por toda
parte no corpo – a produção de neurotransmissores por parte do cérebro reduz-se, o nível de hormônios baixa, o ciclo de sono é interrompido, os receptores neuropeptiídicos na superfície externa das células da pele tornam-se distorcidos, as plaquetas sanguíneas ficam mais viscosas e mais propensas a formar grumos e até suas lágrimas contêm traços químicos diferentes das lagrimas de alegria.

Todo este perfil bioquímico será drasticamente alterado quando a pessoa encontra uma nova posição. Isto reforça a grande necessidade de usar nossa consciência para criar os corpos que realmente desejamos.

A ansiedade por causa de um exame acaba passando, assim como a depressão por causa de um emprego perdido.
O processo de envelhecimento, contudo, tem que ser combatido a cada dia.


Shakespeare não estava sendo metafórico quando Próspero disse: “ Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos.”

Você quer saber como esta seu corpo hoje?
Lembre-se do que pensou ontem
Quer saber como estará seu corpo amanhã?
Olhe seus pensamentos hoje!”

Ou você abre seu coração,
ou algum cardiologista o fará por você!”


Autor: DEEPAK CHOPRA
É indiano radicado nos EUA desde a década de 70, médico formado na Índia, com especialização em Endocrinologia nos Estados Unidos.
Filósofo de reputação internacional,
já escreveu mais de 35 livros,
um dos mais respeitados
pensadores da atualidade.

Um pouco mais de mim...




Eu, Crica Fonseca.

Eu e Meus "Nãos"

(Crica Fonseca)

Não finja que não passou por aqui, diga:"_ Oi, Como estás?"
Não procure saber de mim por aí, fale comigo.
Não espere que eu te procure, me ligue.
Não me vigie, me alcance...
Não se esconda, me deixe ver o seu sorriso.
Não tenha medo, me tenha como aliada.
Não me rotule, me conheça.
Não especule, me pergunte.
Não se iluda, me escute.
Não me interrogue, me conte seus segredos.
Não segure o choro, me deixe segurar a sua mão.
Não se lamente, me deixe te ajudar a contemplar suas conquistas.
Não espere que eu tenha sempre algo a dizer, leia mais.
Não sou tão bonita assim, sou apenas fotogênica... rs
Não gere expectativas, isso são projeções suas.
Não me enrole, me venda tickets pra Lua...
Não me guarde nas sombras, me traga a Luz.
Não me beije, toque a minha alma.
Não me deixe solta, me abrace.
Não me acorde com barulho, me faça carinho.
Não me controle, passe mais tempo ao meu lado.
Não me ofereça migalhas, vou achar que você é pouco.
Não se justifique, eu nem gosto tanto de pudim de leite...
Não imagine que eu te esqueci, se faça presente.
Não me deixe, eu esqueço fácil das coisas.
Não me ignore, talvez eu nem perceba.
Não minta pra mim, me proteja.
Não me prometa nada, aja.
Não se explique, faça o seu melhor.
Não me peça desculpas, me dê uma rosa.
Não tenha receio de errar, eu sei perdoar.
Não tente me impressionar, tenha uma causa para lutar.
Não queira me convencer, argumente comigo.
Não me julgue, cuide da sua vida!
Não me irrite, eu não vou brigar.
Não me afronte, me desafie.
Não me mate, me vença.
Não tenha inveja de mim, seja melhor que eu.
Não me amaldiçoe, reze por ti e os seus.
Não incomodo o passado, transformo restos em obra de arte...
Não me preocupo se você se ocupa comigo e se esconde, embora pudéssemos estar ocupados juntos.
Não tenho muito tempo disponível, se quiser deixe um recado ou comentério para eu te encontrar.
Não espere me ver revelada na internet, eu só mostro o que quero!
Não estou inteira aqui, parte dos meus anseios está.
Não se retire como um indigente, faça uma despedida.

Este é um dos textos meus que
eu mais gosto. Copiei ele em vários lugares.
E sinto que ele faz parte desta minha nova fase também.
Em memória, meu antigo e amado blog. Como boas vindas
ao meu novo local onde passo aguardar as palavras!
Crica
"Meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem mesmo eu compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade sei lá de que!" (Florbela Esperança)

Processo de Criação...