Este amigo defendeu que na criança e na velha sábia não havia sexualidade implícita e nem explícita. Na carta de tarô encontrava-se o Poder Feminino sob os Governos e Homens; a Inteligência e o Amor Genuíno, Cultura e Espiritualidade e, principalmente, é símbolo da Razão. “_Onde está a sexualidade?”. Perguntava ele como se inspirado por uma intuição que não queria calar. Fiz-me de ouvinte para perceber se aquilo fazia algum sentido. Falar sobre sexo para os outros é fácil, vivenciar sua própria sexualidade exige conflitos. E acho que apesar de tudo sou muito tranqüila em relação a minha sexualidade. Permito-me aos meus conflitos, devaneios e aventuras. Porém, talvez eu esteja dando pouca importância a eles.
Hoje compreendo sexo sem compromisso, compromisso sem sexo, sexo e amizade, casamento sem sexo, casamento sem amor, amantes e traições sem intenção de trair quem se ama... Mas não me permito viver estas experiências assim desta forma, tenho a esperança de sexo por amor. Mesmo que não seja para sempre, será eterno em minha memória todo aquele que eu amar verdadeiramente e me deitar com ele para dar sentido completo à relação. No fundo as minhas exigências são estas, procuro e vou buscando entre tentativas e erros meu parceiro ideal sem que ele seja exatamente perfeito. O que quero é presença e cumplicidade, até para eu me sentir mais a vontade. É muito bom poder ousar com quem se gosta_ sem querer padronizar este gostar. Duvido que a modernidade tenha criado mulheres tão insensíveis a ponto de elas, assim como eu, abandonarem a graça da conquista e da sedução. Há necessidade de carinho, segurança e consolo em cada uma delas.
Insisto em ver o encontro dos corpos durante o sexo como sagrado, metafísico, algo além da carne. Embora neste momento o profano exista e persista como um caminho para este encontro_ isso já não me assusta mais. Tudo isso parece um monte de conceitos profundos e ao mesmo tempo sem sentido, um quebra-cabeça e ainda não sei qual a figura final _ Então, deixa rolar! Enquanto isso eu vou ensaiando minha assertividade, ou não.
Crica Fonseca