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quinta-feira

O Que Você Faria? El Método (Filme)

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Considerações sobre o Filme
(Crica Fonseca)

O filme proposto demonstra o comportamento dos candidatos em Processo de Recrutamento e Seleção para um alto cargo executivo e, principalmente, enfatiza situações emocionais extremas as quais são submetidos os personagens. Tais circunstancias, em maior ou menor grau, podem acontecer em um set real durante o trabalho dos Gestores de Recursos Humanos. Os personagens durante o processo seletivo foram colocados em uma sala dentro da empresa contratante para serem observados em suas habilidades e competências de relacionamento interpessoal e intrapessoal enquanto convivendo em grupo e na busca de soluções para problemas hipotéticos e reais. A maioria dos conflitos apresentados no filme estão relacionados a valores morais e a tomada de decisão envolvendo insatisfações e constrangimento. Levando em consideração a realidade, estes aspectos foram relatos com exagero, porém devem servir de alerta para que não seja aumentado o nível de estresse dos candidatos visando importância humanização nas práticas destes processos.

As primeiras cenas apresentam parcialmente o que cada candidato faz na manhã da Entrevista marcada, passando por um protesto organizado até chegar ao local combinado dentro de um escritório. São recebidos pela secretária dona de um sorriso dissimulado e que os dedica pouca atenção. Devem preencher formulários como outros anteriormente já preenchidos. Formam o grupo duas mulheres e cinco homens. Inicia-se o contato de grupo durante o preenchimento dos formulários. Alguns questionam tal necessidade. A secretária, de forma sádica, diz que nada seria obrigatório se os candidatos não quisessem a vaga. São informados sobre a presença de um membro da empresa entre eles que foi classificado como um espião que eles deveriam identificar. O desconforto entre os candidatos fica evidente. Em seguida um computador delega de forma impessoal uma tarefa em grupo, a escolha de um líder representante. O mesmo é colocado em cheque durante tarefa seguinte quando exposta uma de suas ações enquanto gestor de outra empresa que causou conflitos éticos. O primeiro candidato foi eliminado pelo grupo que recebeu a ordem de eliminar um de seus concorrentes por votação. Na seqüência é feita uma dinâmica, também com a intenção de eliminar outro candidato. Nesta são levantadas questões sobre a mulher inserida no mercado de trabalho, maternidade e idade produtiva. A candidata de idade mais avançada é eliminada. Durante os intervalos entre as tarefas e as refeições oferecidas, tendo em vista que os candidatos não poderiam deixar o local, conversas informais são de extrema relevância porque denotam atitudes, posturas e valores, assim como intimidades e interesses pessoais. Há uma cena onde uma candidata se envolve sexualmente com outro candidato. Um dos candidatos é instigado a manifestar sua opinião sobre a organização de sindicatos de trabalhadores. Pressionado, acuado, inseguro e impreciso, pensando haver respostas corretas a serem ditas, acaba sendo eliminado em seguida. Na seqüência é identificado o tal espião e ele passa a delegar as tarefas, o que anteriormente estava sendo feito apenas por computadores. As tarefas seguintes testavam o diferencial que os conhecimentos gerais, e não limitados ao cargo ou função a ser exercida, garantem aos candidatos e são fundamentais para um melhor desempenho em suas atividades , maior autoconfiança, adaptabilidade, interatividade com o grupo e afinidade com o mundo atual globalizado. Outro candidato, apelidado de “macho ibérico” por suas idéias machistas e favorável ao militarismo, foi eliminado. Sentindo-se humilhado tenta atingir sua concorrente utilizando-se de mitos que questionam as mulheres grandes executivas como não capazes de obter sucesso em seus relacionamentos afetivos e enquanto mães. Neste momento a rispidez entre eles é destacada em uma cena carregada com agressividade. Restaram apenas os dois últimos, um homem e uma mulher que haviam tido um caso amoroso no passado. A eles foi pedido para que um convencesse o outro, usando qualquer tipo de argumento verdadeiro ou falso, abandonar o seu desejo por este emprego e desistir da disputa. Ao utilizar-se do histórico do romance acontecido o homem consegue eliminar sua adversária que se entrega aos conteúdos emocionais alegados. O filme termina com a saída da última candidata do edifício da empresa percebendo ter sido manipulada e enganada para tanto.

Podemos observar situações delicadas e polemicas no decorrer dos acontecimentos do filme. Passando pelo coeficiente emocional testado a todo momento, a exposição de resoluções gerenciais insatisfatórias, a mulher inserida no contexto do trabalho versos a importância da maternidade, assédio moral, o questionamento da representação dos sindicatos para empregados e empregadores, agentes estressores relacionados aos comportamentos supostamente adequados, a presença assustadora de um observador infiltrado no grupo, a interferência dos relacionamentos íntimos em situações de trabalho, sexualidade, o poder de manipulação, o individualismo, o respeito, ética, valores, crenças e os limites das estratégias e ações humanas em um ambiente de trabalho para que seja alcançado o resultado esperado ou mesmo para conseguir uma vaga de emprego. A competitividade cerrada mobiliza intermante os candidatos tornando-se vorazes, reativos, hostis e cruéis. Os candidatos foram avaliados pela análise de suas reações em altos níveis de tensão.

Acredito que precisamos quebrar estes paradigmas de competitividade e evitar tratamentos desumanos dedicados aos candidatos nos mais diversos tipos de processo de Seleção e Recrutamento. Entendo que bons resultados são alcançados através da cooperação entre os membros da organização, aprimorando o clima e a cultura organizacional das empresas. Precisamos saber somar nossas forças e ser menos egoístas e impessoais. Infelizmente, o mercado acaba influenciando negativamente nosso desenvolvimento enquanto profissionais e seres humanos, haja visto que passamos a maior parte das horas de nossos dias nos dedicando ao trabalho dentro de uma empresa. Estas nem sempre se preocupam com a qualidade de vida de seus funcionários porque se preocupam exclusivamente com o lucro. As empresas precisam ser também mais humanizadas e perceber que seu maior capital é o próprio homem. Precisamos desenvolver as potencialidades deste homem valorizando-o ao invés de gerar medo, insegurança, baixa auto-estima, baixa autoconfiança, desavenças, constrangimento, raiva, ansiedade ou, entre outros, até mesmo processos depressivos graves. Não concordo com a metodologia aplicada no filme, intitulado Método Gronholm. Porém, foi bastante vantajoso tê-lo visto como forma de aprimorar nossa visão enquanto Gestores de Recursos Humanos.
Crica Fonseca

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