Botas Salto Agulha

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sexta-feira

Metáfora do Espelho

(Trabalho etnográfico da Antropóloga Paula Monteiro; 1994:117)

[...] no espelho vejo algo que é real. Então, o espelho mostra, evidencia e esclarece a realidade. Depois está a idéia contraria: a idéia de que o espelho não me mostra o que é real, mostra algo que é uma ilusão (porque é uma ilusão da realidade que está no espelho). Depois, a idéia de que o espelho mostra quem eu sou. Eu me vejo no espelho narcisisticamente, e quando pense que estou me vendo, vejo que não sou eu e me desconcentro, porque o espelho é uma imagem invertida de mim. Então, nesta metáfora do espelho estão postos todos os dilemas que a Antropologia vem enfrentando, mas que hoje se colocaram na cena da reflexão antropológica que é: Qual a natureza da realidade da qual temos que dar conta? Que realidade é essa? Então, o que é conhecer efetivamente? Que tipo de conhecimento é este que o espelho nos dá? [...] A realidade não é tal como ela é, mas é a realidade tal como ela é traduzida não só por uma escrita, mas uma representação que modifica a natureza daquilo que representa.
Paula Monteiro

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