Botas Salto Agulha

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domingo

Educar para Libertar!

(Crica Fonseca)

O professor exerce um papel fundamental no desenvolvimento humano de seus alunos não apenas no contexto pedagógico, como também no enfrentamento de problemas e na resolução de conflitos interpessoais, no aprimoramento de diversas competências e na utilização prática dos ensinamentos propostos em sala de aula. Torna os alunos cidadãos atuantes e capazes de promover mudanças sociais. O professor precisa compreender que enquanto educador é um encantador de mentes e corações. Com o poder de manejar ferramentas e criar obras como um artífice da alma crítica de seus aprendizes em pleno desenvolvimento. Não sendo meramente como uma tábua rasa, os alunos são influenciados pelo contexto econômico-sócio-cultural na sociedade onde estão inseridos e isso interfere diretamente no desenrolar das aulas e na responsabilidade de incentivarmos os alunos a se deliciarem com o prazer e as descobertas do conhecimento.
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Encontramos professores não comprometidos com o papel de formadores do futuro de nossas crianças, jovens e adultos. Infelizmente, nossos vícios educacionais vindos de experiências passadas e ainda presentes, formam uma máquina antiquada e pesada que ao invés de facilitar o ensino, a aprendizagem, a pesquisa e o desempenho tanto de educadores como de alunos. A falta de incentivo e a baixa remuneração dos profissionais de ensino é um exemplo disso. Ao “vestir a camisa” da educação muitos profissionais precisam despir-se de partes importantes de sua vida; algumas vezes seus investimentos causaram danos a seu patrimônio, ao seu tempo de lazer e descanso, a atenção desejada pelos familiares e danos a saúde física e mental daqueles que lutam pela educação de qualidade. Isto fica claro quando percebemos alguns professores disponibilizando material e atividades interessantes comprometendo seu salário na difícil função de promover o interesse dos alunos pelo aprendizado necessário.
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Alunos não comprometidos com seu desenvolvimento também são encontrados por toda parte. Muitos não compreendem o sentido de freqüentar a escola ou a obrigação de conhecer temas diversos. São famílias emocionalmente desequilibradas, crianças e jovens mal educados para o convívio social, conflitos raciais e todo o tipo de preconceito separatista, a guerra pelo poder autoritário, a violência, a pobreza, o descaso político, o abuso de autoridade, o excesso de proteção dos pais que são cúmplices dos crimes cometidos pelos filhos, a falta de consciência ecológica e muitos outros fatores que fazem com que a sala de aula não seja um local agradável para o desenvolvimento de pessoas e suas diversidades. A educação formal encontra-se sobrevivendo paradoxalmente. E o professor está perdendo sua autonomia, autoridade e identidade.
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Segundo as descobertas de filósofos, antropólogos, sociólogos, psicólogos, pedagogos, médicos especializados e outros estudiosos sobre os diversos tipos de inteligência e os processos de aprendizagem; é fato que o ser humano nunca pára de aprender e apreender informações e experiências no meio em que vive ou estuda. Estamos em constante desenvolvimento intelectual e relacional. Por que parece utópico encontramos uma forma de canalizar o aprendizado formal para este contínuo crescer de idéias e ideais? Precisamos perguntar para nós mesmos: Quem precisa aprender? Quem deve ensinar? Qual a contribuição prática na simples troca de informação? Qual o valor implícito e explícito na “guerra” do exercício do poder dos mais privilegiados sob os menos privilegiados? Quem ganha? Quem perde? De que adianta conhecer conceitos e teorias se não sabemos como aplicá-los?

“Não posso investigar o pensar dos outros referindo ao mundo se não penso. E a superação Não se faz no ato de consumir idéias, mas no ato de produzi-las e de transformá-las na ação e na comunicação.” (Freire, 1982)

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Partindo da realidade dos alunos podemos compreender suas necessidades e através dela inserir informações e a vivência prática daquilo que é ensinado. Será que nossos educadores estão verdadeiramente preparados para este desafio? O Professor precisa estar preparado para o desconhecido que há no outro e dentro de si mesmo, contribuindo para a construção do saber. Estar preparado para isso significa identificar a diferença em ser um INDIVÍDUO, um ATOR SOCIAL e uma PESSOA (Michaliszyn, Mario Sigiro e Tomasini, Ricardo; Pesquisa: sujeitos, conhecimentos, ciência e método).
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Perceber como está sua autoconsciência, o autoconhecimento, o autocontrole, medos, auto-estima e auto-afirmação. Como criar vínculos afetivos. Quais os critérios de verdade em cada cultura. Respeitar as diferenças, as circunstâncias e a diversidade de crenças. Promover o diálogo. Comprometer-se. Entender como funciona a cognição. Ter o poder de escolha, decisão e ação. Estar atento à confecção do Diagnóstico, Objetivo, Planejamento, Execução e Avaliação (Gil, Antônio Carlos; Didática do Ensino Superior). Observar o Processo, a Eficiência, os Prazos e as Metas (Carvalho, 1976). Conhecer, entre outras teorias e práticas atuais, a Pedagogia Situada e a Reforma Libertadora e exercer a transformação da realidade. (Freire, Paulo; e Shor, Ira; Medo e Ousadia – O cotidiano do Professor).

“O processo de construção teórica é ao mesmo tempo uma dialética
de subjetivação e objetivação.” (Mills; 2002)


Quem Avalia? Quem é Avaliado? O que é Avaliado? “A Avaliação subsidia o professor com elementos para uma reflexão contínua sobre a sua prática, sobre a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem ser revistos, ajustados ou reconhecidos como adequados para o processo de aprendizagem individual ou em grupo. Para o aluno, é um instrumento de tomada de consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades para a reorganização do investimento na tarefa de aprender. Para a escola, possibilita definir prioridades e localizar quais aspectos das ações demandam maior apoio. Deve considerar aspectos estruturais de cada realidade. Avaliar a aprendizagem, portanto, implica em avaliar o ensino oferecido. E se constituem como representação social do aproveitamento escolar” (PCN _ MEC; Brasília 1998).


O Educador libertador tem de criar criando, isto é,
inserido na prática, aprendendo os limites muito concretos de sua ação,
esclarecendo sobre as possibilidades,
não muito aquém nem muito além de nossos limites do medo necessário.
(Paulo Freire)


Ser educador é ter alegria, esperança, intervir na realidade, saber lidar com a interpessoalidade, experimentar o diferente, ter etica e solidariedade humana, vivenciar atitudes democráticas, fazer a revolução interna e externa de forma pacificadora e libertadora. É a experiência profunda de “assumir-se” com responsabilidade coletiva e Reconhecimento. Saber, Saber - Fazer e Saber – Ser.


O Sonho é um sonho possível?
Se é menos possível, trata-se para nós,
de saber torná-lo mais possível.
(Paulo Freire)
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Autora: Crica Fonseca

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