No início o nada, nem frio nem morno,
Apenas a curiosidade e a carência regem as primeiras sensações.
Não é percebido o erro dito ou não dito, o feito ou desfeito,
O momento dita as regras.
Entrega ansiosa, o tempo pára,
E um instante se torna eterno.
O início do fim chega trazendo de volta a sanidade,
A consciência vem de encontro ao término.
Dúvida, insegurança, temor do desempenhado,
Temor do desmedido ocorrido.
Há quase que a certeza do último encontro porque nunca mais será como tal,
Talvez nem mesmo haja outro.
O pensar em repetir aquela ação vai tomando conta da mente,
A vontade de estar junto novamente dar-se-ia e passaria.
Caso isso aconteça, em poucas horas não haverá nada para ser declarado.
Por alguns dias o êxtase poderia tentar preencher o silêncio.
Porém, aos poucos o devaneio se entregaria à raiva e a solidão.
A semente plantada seria arrancada, deixaria a terra mexida,
Batida, abatida...
A luz acesa representa um sono não dormido,
A esperança de passar a noite entre abraços e beijos.
A espera se cansa e dor da lembrança estremece o peito enfraquecido.
Moribundo sentimento que não tem pra onde ir.
Não se transfere e nem se move. Guardado, trancado a sete chaves ele finge não existir
Corre como veneno corroendo as veias, chora e pede socorro,
Mas infelizmente este é um grito ninguém pode ouvir.
Esquecido, adormecido, entorpecido...
O amor vai se autodestruindo.
Apagam-se os registros, sucumbido à ingênua ternura.
Não se fala sobre o assunto,
É proibido alimentar as criaturas, para que não se tornem monstros perigosos.
Anjos e demônios são desarmados,
Sonhos e desejo são ridicularizados.
Não se regam as flores,
Pétalas secas estão à espera do dia em que serão queimadas.
O vento levou pra longe o que não tem raiz.
O rio levou consigo águas que jamais voltarão ao mesmo lugar,
E já terão sido modificadas se um dia ele voltar.
O retrato, que distorcia a realidade, já não é mais dono de cores vivas.
Quando a falta é percebida como negligência a saudade sente-se rejeitada!
Doloroso é do luto da paixão...
Um corpo morto ainda habita um vivo coração.
Que este fantasma não mais atormente o equilíbrio conseguido a duras penas.
Não faz mais sentindo reviver o passado,
Este se faz longínquo não pelo tempo, mas pela distância.
A frieza foi a alternativa covarde escolhida.
Embriagou-se de fracasso o que vi de belo nos teus olhos.
Não há resgate a ser feito.
Não vou tomar para mim o papel de vítima.
O novo pede passagem,
O velho me desencantou quase que por completo.
Vou transformar em arte a pouca parte que ainda me resta de mim...
Crica Fonseca
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