Botas Salto Agulha

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domingo

Gênesis Gramatical

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No princípio tudo era nada, e nada era tudo o que havia. Fez-se dias noites e noites dias. Fez-se calores frios e frios quentes. Fez-se dias de sol sem sol e noites de lua sem luar.
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Então Deus criou o Verbo para dar sentido ao “haver” e “existir”, que por terem a mesma semântica ficaram impessoais. Por vezes perguntar-se-iam “quem é de que?” ou “o que é de que?”. E um “objeto direto” relacionado ao acontecido e ocorrido, que por vezes apareciam no “plural”, daria sentindo a intenção Divina. Poderia o “haver” expressar um fenômeno da natureza, e mais tarde, a própria idéia de tempo _ mas nunca deixariam de expressar a singularidade do fato.
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O “haver” e o “existir” ficaram inicialmente sem gênero, não se sabe se era homem ou se era mulher. O “haver” por força do destino transmitia a sua doença da impessoalidade sem conseguir entrar em concordância. Não houve de haver romances, deveriam existir outras coisas. Por certo, haveriam de ter ocorrido mistérios jamais decifrados.
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Ao “verbo” poderia ter sido acrescido um outro auxiliar. Este primeiro, apesar de também ser “verbo”, será para sempre subordinado ao tempo definido pelo premier. O que tem no meio e o que vier depois é imexível. E se vacilas haverá de haver-se com Ele, o próprio Criador. Quem houve questioná-Lo? Todo mérito foi firmemente contextualizado.
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Para “ser” ser incoerente convencionou-se a hora, data e a distância... Manteve-se o “ser” como sendo ainda impessoal. Como se “ser” não fosse o próprio “sujeito” e então, como se concorda com um “sujeito” que não existe? Foi nesse momento que as ciências exatas ficaram com a razão, pela quantidade dos eventos foi definida a pluralidade do “ser”. Foi meio estranho, foram meios estranhos, mas ninguém estranhou... Não houvera se quer uma unidade de ser existencial para fazê-lo.
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Tudo”, “Isso” e “Aquilo” foram enfatizados pelo “ser” ao seu bel prazer. Aquilo eram verdades inquestionáveis. Nem tudo foram vaidades de uma Inteligência Maior. E aos poucos a “coisa” em oposição à “coisa” virara “sujeito”...E um dia, muito tempo depois, o Verbo se tornou carne e o próprio “sujeito”.
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Crica Fonseca
(04/05/06)
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Luto da Paixão

No início o nada, nem frio nem morno,
Apenas a curiosidade e a carência regem as primeiras sensações.

Não é percebido o erro dito ou não dito, o feito ou desfeito,
O momento dita as regras.

Entrega ansiosa, o tempo pára,
E um instante se torna eterno.

O início do fim chega trazendo de volta a sanidade,
A consciência vem de encontro ao término.

Dúvida, insegurança, temor do desempenhado,
Temor do desmedido ocorrido.

Há quase que a certeza do último encontro porque nunca mais será como tal,
Talvez nem mesmo haja outro.

O pensar em repetir aquela ação vai tomando conta da mente,
A vontade de estar junto novamente dar-se-ia e passaria.

Caso isso aconteça, em poucas horas não haverá nada para ser declarado.

Por alguns dias o êxtase poderia tentar preencher o silêncio.

Porém, aos poucos o devaneio se entregaria à raiva e a solidão.

A semente plantada seria arrancada, deixaria a terra mexida,
Batida, abatida...

A luz acesa representa um sono não dormido,
A esperança de passar a noite entre abraços e beijos.

A espera se cansa e dor da lembrança estremece o peito enfraquecido.

Moribundo sentimento que não tem pra onde ir.

Não se transfere e nem se move. Guardado, trancado a sete chaves ele finge não existir

Corre como veneno corroendo as veias, chora e pede socorro,
Mas infelizmente este é um grito ninguém pode ouvir.

Esquecido, adormecido, entorpecido...
O amor vai se autodestruindo.

Apagam-se os registros, sucumbido à ingênua ternura.

Não se fala sobre o assunto,
É proibido alimentar as criaturas, para que não se tornem monstros perigosos.

Anjos e demônios são desarmados,
Sonhos e desejo são ridicularizados.

Não se regam as flores,
Pétalas secas estão à espera do dia em que serão queimadas.

O vento levou pra longe o que não tem raiz.

O rio levou consigo águas que jamais voltarão ao mesmo lugar,
E já terão sido modificadas se um dia ele voltar.

O retrato, que distorcia a realidade, já não é mais dono de cores vivas.

Quando a falta é percebida como negligência a saudade sente-se rejeitada!

Doloroso é do luto da paixão...
Um corpo morto ainda habita um vivo coração.

Que este fantasma não mais atormente o equilíbrio conseguido a duras penas.

Não faz mais sentindo reviver o passado,
Este se faz longínquo não pelo tempo, mas pela distância.

A frieza foi a alternativa covarde escolhida.
Embriagou-se de fracasso o que vi de belo nos teus olhos.

Não há resgate a ser feito.
Não vou tomar para mim o papel de vítima.

O novo pede passagem,
O velho me desencantou quase que por completo.

Vou transformar em arte a pouca parte que ainda me resta de mim...

Crica Fonseca

Divã - O Filme

Eu recomendo!

Crica Fonseca

sexta-feira

"Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar 'superado'. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que as soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la"
(Albert Einstein)

segunda-feira


Mercadoria Humana. Venda-se quem puder!

Acredito na capacidade humana de buscar a autorealização se adequando às demandas do mercado de trabalho e aos métodos e técnicas de produção. Para isso é preciso adequar também o gerenciamento de pessoas envolvidas no processo, no ambiente organizacional, na produção de conhecimento, a qualidade dos bens de consumo e, principalmente, dar atenção especial aos que colaboram direta e indiretamente nos resultados obtidos pela empresa.

Inicialmente a Sociedade Tradicional, aonde se gastavam longos períodos para se obter o produto final ou o próprio acúmulo de informações, foi esmagada pela Sociedade Industrial, tornando mecânico o desempenho do trabalhador que por repetições trazia o lucro com menor custo ao dono da empresa. Sociólogos e outros estudiosos chamaram para reflexão sobre os danos causados pela revolução industrial e aquilo que deveria ser melhorado nas Relações Humanas que haviam se tornado contradições sociais desmerecendo o trabalhador e reduzindo o potencial criativo das pessoas motivadas pelo mísero “ganha-pão”.

Aos poucos a classe trabalhadora foi se organizando e conquistando direitos, assumindo deveres e aumentando o desejo e sua capacidade de consumo. Ao adquirir bens o capital pôde circular gerando ainda mais capital. O homem passou a ser valorizado por aquilo que ele seria capaz de comprar. O próprio conhecimento passou a ser uma mercadoria atualmente. Detentores de informações passam a ganhar maiores salários enquanto especialistas em determinadas áreas. Competências técnicas associada às habilidades específicas definem a nova jóia do mercado. Novos desafios surgem na Gestão e no aperfeiçoamento pessoal. A boa administração está relacionada a saber como conseguir o máximo no desempenho individual e em equipe.

Amedronta-me o fato das inquietudes do ser humano estarem banalizadas quando uns e outros não correspondem ao funcionamento de uma Sociedade Capitalista ou Pós-Capitalista buscando o valorizar-se com o que se “tem” e não o que se “é”. As conseqüências são as mais diversas; como a violência, o descaso com os estudos, a falta de oportunidade de empregos descentes, e a grande concentração de renda nas mãos da minoria nos países como o Brasil. E a prosperidade ainda desigual continua causando sofrimento aos menos favorecidos. A humanização das relações tão difundida está sendo mascarada e aqueles que poderiam mudar isso, assim como eu e você, estão parados e preocupados em absorver os benefícios que podemos ter individualmente e corresponder às duras requisições de nossas vaidades.

Crica Fonseca

domingo

OCC


Por que são raras as Pérolas?

As pérolas são raras por estarem ocultas no interior das conchas, tornaram-se o símbolo do conhecimento velado e da sabedoria. Pura e preciosa, porque é retirada de uma água lodosa, de uma concha grosseira, surge tão bela e tão límpida. A pérola é fruto do sofrimento. A ostra deixa-se penetrar por um simples grão de areia, a dor, que passa a irritar o seu corpo. A ostra é também uma artista extremamente paciente capaz de esperar anos para concluir a sua obra de arte, buscando sempre a perfeição, mas quase nunca a atingindo. Nessa sua labuta incansável vem brindando a humanidade com verdadeiras obras de arte. A essência da causalidade não se detém jamais, e a pérola estará para sempre brilhando. Não há ação ou pensamento que exista separadamente, mesmo nossa perplexidade ou preocupação. Conseqüentemente, inferimos que mesmo o ir e vir na Caverna dos Demônios da Montanha Obscura, nada mais vem a ser que a própria pérola resplandecente...
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Crica

Ciclos, ciclones e espirais.

Perde o sentido

Encontra um sentido

Descobre o sentido

Percorre o sentido

Sente.

Encontra-se um sentido

Os lugares, as pessoas.

Os livros, os filmes, os dias.

As músicas, os sonhos, os planos.

Cuidado com a realidade.

Descobre-se o sentido

Passo a passo crendo entender

Os animais, a natureza, a humanidade,

As idéias, ideais, caráter, personalidade.

Amigos, falsos e verdadeiros, as mãos, as costas.

Percorre-se o sentido

O amor, o ódio, a desilusão.

O sofrimento, a dor, o prazer.

A paixão, a loucura, a razão, o roxo

O vermelho, o preto e branco, o amarelo.

Te sentes então...

E perde o sentido

Encontra um sentido

Descobre o sentido

Percorre o sentido

Até que um dia conclui que não sabes de nada.

E tudo volta para o primeiro verso.

autor: Tico Sta Cruz (Detonaltas)