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sábado

Conversando com Adultos

Sexualidade na Infância e na Adolescência
(Autora: Crica Fonseca)

Falar sobre Sexualidade atualmente é muito mais que responder perguntas embaraçosas de nossas crianças, orientar sobre métodos contraceptivos e dar aula de anatomia para adolescentes durante o período letivo. É preciso compreender a complexidade do desenvolvimento físico, emocional, sociocultural, e principalmente, como as experiências vividas por cada indivíduo influenciam no seu comportamento sexual. A vivência da sexualidade depende de um conjunto de fatores que mesmo quando são comuns a um determinado grupo não é interiorizada subjetivamente da mesma forma por todos. A permissividade, a proibição, a afetividade, as regras de comportamento moral e religioso, o histórico familiar, o acesso às informações e critérios de orientação sexual são influenciados pela diversidade e a pluralidade nas relações. E o que fazer quando pessoas diferentes precisam conviver com um tema tão polemico? Aceitar a possibilidade da diferença, seja ela qual for, já é um primeiro grande passo.

A qualidade da informação obtida sobre o tema é uma outra barreira a ser derrubada. Existem vários mitos, crendices e dúvidas que os próprios adultos carregam ao longo da vida e direta ou indiretamente passam para as crianças e adolescentes. Estes pequenos acabam se deparando com um material fantasioso e não correspondente às necessidades deles, o que faz com que eles procurem alguma outra resposta em fontes menos confiáveis. O conhecimento sobre o assunto não se dá por especulação. Portanto; leia, pesquise, pergunte e procure fontes seguras para entender o que já foi descoberto pela ciência médica, comportamental e social. Busque também as leis estabelecidas no país para controlar abusos e, principalmente, preservar os direitos da criança e do adolescente.

Incite a dúvida, tenha abertura para conversas informais, realize projetos e campanhas, escreva informativos e não torne o sexo um tabu. Mais cedo ou mais tarde eles entraram em contato com isso, é melhor que seja feito de forma natural porque isso é efetivamente inato ao seu humano. A curiosidade e o interesse surgem aos poucos, converse aos poucos também. Fale sobre isso com crianças e adolescentes, veja que eles podem conversar de forma madura sobre o tema quando o adulto se coloca de forma consciente e tranqüila. Aproveite situações inesperadas para avaliar e orientar aqueles que estão entrando em contato pelas primeiras vezes com algo que fará parte do resto da vida deles.

Não se esconda ou passe a responsabilidade para os outros, tenha boa vontade! Aprenda a lidar com isso de forma leve, mesmo que nunca ninguém tenha lhe ensinado antes. Como adulto você pode aprender sobre o assunto e melhorar muito suas relações. Busque também as suas respostas e tente entender porque determinados assuntos lhe incomodam tanto. Será que o problema não está em você? Por que é tão difícil falar sobre sexo? Como você obteve informações sobre Sexualidade Humana? Quais são seus conceitos e preconceitos? Você tem direito a interiorizá-los a sua maneira, mas não pode negar que pensamos e agimos diferentemente. Você tem respeitado o outro _criança, adolescente ou adulto, como ele realmente é? Ou tem tentado impor suas vontades e necessidades àqueles que convivem com você? Do que você tem medo?

Estabeleça regras claras para a convivência social, crianças e adolescentes se sentem mais seguros quando se percebem amparados por comandos diretos e justos. Desenvolva seu bom senso, questione-se e coloque-se no lugar daquele que deve obedecer a sua ordem. Seja coerente e cumpra os “combinados” /acordos para que se possa exigir o mesmo deles. Isso vale para todos os grupos de convivência, desde a família até a escola. Respeite, evite brincadeiras de mau gosto sobre o tema. Não desmereça o sofrimento, mesmo quando lhe pareça ingênuo e tolo. Cuide da sua postura enquanto pai, professor, educador e/ou qualquer outro papel de “cuidador”, zelando pelo respeito mútuo.

O adulto na maioria das vezes é um modelo para os mais novos, sentimentos ambíguos podem surgir como o de amor e ódio. Assim eles vão montando o quebra-cabeça na formação de sua personalidade. Alguns comportamentos e valores serão imitados, outros aversivos. Você já se deu conta do quanto você é importante para seu filho (a), seu aluno (a), seu cliente, seu paciente, seu amiguinho (a) mais novo (a), seu irmão (a) menor, seu sobrinho (a), seu afilhado (a) ou aquele visinho (a) que está sempre andando de bicicleta quando você sai da garagem? Seu sorriso pode ser um presente, imagine uma palavra certa na hora certa! Seu poder de influência talvez seja muito maior do que você possa imaginar.

Crica Fonseca

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