Botas Salto Agulha

Botas Salto Agulha

sábado

Tente ser cuidador das suas dores e da dor do outro...

Não impeça minhas lágrimas...

Apenas me faça uma visita sem hora marcada!

Crica Fonseca

quarta-feira

Destinos e Borboletas



Uma moça me contou que certo dia, quando morava no fóra do seu país de origem, sentiu pena do pobre destino de uma borboleta que estava dentro do trem. Perguntou-se como aquele bicho chegara até ali. Talvez ela também estivesse no lugar errado naquele momento de sua vida. Começou a pensar no quanto sua vida estava ruim e como ter uma chance para mudar seu próprio destino. E, principalmente como aquela borboleta poderia ter a chance de sair dali. Nenhuma das duas pareciam estar com sorte.

Ela estava trabalhando em uma empresa e estava insatisfeita com o exercício medíocre de sua profissão. Não gostava da forma como sua chefe direta lhe tratava e como as pessoas pensavam naquele lugar. Era uma guerra de vaidades e ela se sentia presa aquilo sem ver opções de mudança. Queria mudar, sentia que precisava mudar a sua vida. Havia deixado sua família no Brasil para perseguir seus sonhos, mas não conseguia sonhar muito além dos pesadelos e responsabilidades profissionais.

Uma das coisas que ela mais odiava era levar mais de uma hora no trajeto para chegar até o escritório. Primeiro encarava o metrô e depois mais de meia hora dentro de um ônibus comum. Foi num destes dias, no meio da correria da estação que ela entrou num vagão e viu uma borboleta caída no chão. Tomada por alguma forma de compaixão resolveu ajudar a pequena criatura. A borboleta não se mexia, parecia estar morta. Com cuidado a segurou em suas mãos com a intenção de deixá-la em algum jardim fora de estação. Caso contrário, ela seria esmagada pelas pessoas que pouco se importavam com sua presença e apenas assistiam seu desfalecer.

Enquanto guardava carinhosamente a borboleta em suas mãos pensou no triste destino daquela criatura. Lamentava o azar de não poder voar livremente mesmo tento suas asas. A borboleta não tinha outra escolha se não morrer por falta de sorte. Pensou que seu destino também estava sendo trágico como o deste pequeno lindo ser indefeso sendo massacrado pela macro-esfera. Sentiu-se sem poder voar livremente, mesmo tendo asas. Lembrou-se de suas fragilidades e da necessidade que sentia de carinho e proteção. Percebeu-se tão sem vida como aquela borboleta.

Subindo as escadarias, no meio da multidão de pessoas secas e preocupadas, a moça avistou o ônibus que precisava entrar para chegar até o trabalho e saiu correndo. Tentou mais uma vez não machucar a borboleta e ficar atenta aos seus movimentos. Não queria chegar atrasada, precisava correr. A borboleta continuava quieta em suas mãos, como se nada pudesse perturbá-la. Chegando próximo a um pequeno jardim junto ao ponto de ônibus, a moça sacudiu a mão o mais depressa possível. Para sua surpresa a borboleta despertou em um lindo vôo mostrando-se viva e em pleno vigor.

Durante todo o dia os pensamentos da moça não se detiveram na desgraça e sim nas diversas possibilidades que vida poderia lhe oferecer num golpe de sorte e proteção como o que ela havia oferecido para aquela borboleta naquela manhã. Encheu-se de coragem para fazer as mudanças necessárias em sua vida. Sentiu que havia recebido um sinal para buscar a sua felicidade onde ela menos poderia imaginar que lhe fosse possível. Tomou decisões importantes. Decidiu pedir demissão do emprego porque percebeu que ali não era o seu lugar. Voltando para casa avistou de longe uma borboleta parecida com a que encontrara pela manhã. Percebeu que nunca havia visto se quer uma borboleta nas redondezas e concluiu que aquele não era um local adequado para borboletas e mulheres como ela.





Crica Fonseca

quinta-feira

Estou usando esta imagem de um BLOG
que eu ADORO e RECOMENDO!
Jhuly;
Não deixe esta "criança
de trinta e poucos anos..."
desaparecer nunca, ok?
Um super Beijo,
Crica Fonseca

Onde se escondeu o encanto? Quantas coisas apenas para acostumar-se?

[...] Se um bebezinho pudesse falar, na certa ele diria alguma coisa sobre o novo e estranho mundo a que chegou. Pois apesar de a criança não saber falar, podemos ver como ela olha ao seu redor e quer tocar com curiosidade todos os objetos que vê.

Quando vêm as primeiras palavras, a criança pára e diz “Au! Au!” toda vez que vê um cachorro. Podemos ver como ela fica agitada dentro do carrinho e movimenta os bracinhos dizendo “Au, au, au!”. Para nós, que já deixamos para trás alguns anos de nossas vidas, o entusiasmo da criança pode parecer até um tanto exagerado. “Sim, sim, é um au-au”, dizemos nós, os “vividos”. “Mas agora fique quietinho.” Não ficamos muito entusiasmados, pois já vimos outros cachorros antes.

Esta cena insólita talvez se repita algumas centenas de vezes, até que a criança passe por um cachorro, ou por um elefante, ou por um hipopótamo sem ficar fora de si. Mas muito antes de a criança aprender a falar corretamente – ou muito antes de ela aprender a pensar filosoficamente -, ela já se habituou com o mundo.

Uma pena, se você quer saber o que eu acho. [...].
(O mundo de Sofia; Jostein Gaarde)

QUIQUID RECIPITUR, AD MODUM RECIPIENTIS RECEPTOR

Quão real é a assim chamada realidade?

[...] O que defino como realidade é apenas a minha idéia sobre realidade. E esta idéia é formada pela minha história, minhas experiências e expectativas. [...] Então preciso partir do princípio que eu (quase) só consigo perceber a minha realidade, e que muitas vezes ela tem mais a ver comigo do que com aquilo que posso encontrar lá fora. [...] Do mesmo modo que vou ao encontro do mundo, o mundo vem ao meu encontro. O mundo é meu espelho. Assim como eu o vejo, eu sou. Quando aponto para fora e falo sobre as muitas coisas à minha volta, também estou apontando para mim e dizendo muita coisa sobre mim.

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QUIQUID RECIPITUR, AD MODUM RECIPIENTIS RECEPTOR

(O que é recebido é sempre à maneira do receptor; antigo provérbio medieval)
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É importante depender menos do que eu imagino das condições externas. Não posso mais responsabilizar as condições externas pelo meu estado de alma. Não preciso tentar mudar as pessoas, mas eu posso me modificar. Eu posso começar a me ver e a ver o mundo com outros olhos. As pessoas são exatamente como eu, e ao mesmo tempo também bastante diferentes...
(Lorens Marti)

Universo Paralello(1) # 2009 - EU FUI!

























































domingo

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"Seria incrível se existisse uma música que quando penetrasse o corpo curasse qualquer doença."
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(Autor Desconhecido)
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Universo Paralello(2) # 2009






























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"E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos por aqueles que não podiam ouvir a música."
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(NIETZSCHE)
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Universo Paralello(3) # 2009
















































terça-feira

Sou tudo e nada...

Sou e Serei a Relação Estabelecida no Momento em que Esta se Estabelece.

Chega de eu sou isso ou sou aquilo, eu faço isso ou aquilo em função de tal coisa ou pessoa. Que chatice estas pessoas que estão sempre presas a rótulos e se explicam através deles! Eu sou aquilo que der para ser no momento em que algo acontecer. Sinto sinceramente, que sou aquilo que estou disponível para vivenciar. Posso ser uma ótima confidente e não estar querendo de ouvir ninguém. Posso não gostar de alguém e, se me der vontade, escuta-la verdadeiramente sem preconceito. Posso destruir sentimentos e reconstruir qualquer coisa sobre eles modificando o que sinto.
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Não sou a minha profissão. O que me exigiria um equilíbrio sobre-humano se for levar em consideração os valores agregados que adicionam aos profissionais da minha área. A cada desafio esforçando-me para ser melhor que “eu mesma”, e principalmente, sendo a cada encontro aquilo que eu consigo ser e fazer para incondicionalmente ajudar o outro. Com isso me tornei uma profissional respeitada. Embora eu não me esforce o tempo todo, nem me lembre do peso de ter que ser uma boa profissional e talvez alguma coisa já tenha dado errado, eu não sou apenas a profissional Fulana de Tal.
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Diga-me com quem andas e te direi quem sou”, nunca foi uma frase que me definiu como pessoa. Não consigo concordar com isso. Talvez sirva para aqueles que não sabem realmente o que sentem e são influenciados pelo medo de ser diferente daquilo que é imposto pelo grupo de convivência. Eu só faço o que quero, não tente me impor nada! E, mesmo assim posso estar com todo o tipo de pessoa em qualquer lugar deste mundo. A frase feita deixa parecer fácil culpar os outros e torná-los responsáveis por nossas ações.

Chega de interpretações errôneas sobre o que realmente se é! Sou mulher, logo sou frágil. Sou inteligente, logo tenho resposta para tudo. Sou gorda, logo sou feia. Sou rica, logo compro o que quero. Sou independente, logo não preciso de ninguém. Sou certinha, logo nunca vou errar. Sou louca, logo posso fazer coisas que ninguém imagina. Sou forte, logo não devo demonstrar minhas franquezas. Sou livre, logo nada vai me prender...
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Sou muito mais movida por emoções inconscientes que habitam no mais obscuro e profundo de mim mesma, mais comovida por amores e medos mal ou bem resolvidos... Como um mestre andarilho e solitário que tem muito para aprender e nada para ensinar. A força do meu eu interior não está na mão do outro com quem eu me relaciono e muito menos nos rótulos sociais que ao longo do tempo insistem em se fixar em mim.
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Será que alguém suportaria me conhecer desnuda? Na mais profunda incoerência dos meus sentimentos quando ainda estão borbulhando sem sentido dentro de mim? Na minha ambigüidade de querer e depois não querer mais? Como quando se vê um Monge irritado, um anjo-demônio, a carruagem que vira abóbora? Ou mesmo a beleza onde aparecia que não existia o belo. A voz suave aonde os gritos seriam esperados, o transcendente no lugar do silêncio, a alma ao invés de apenas um corpo. A compaixão no lugar da guerra. E, quando a batalha for inevitável, a Espada no lugar da arma de fogo.

Crica Fonseca